O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a
indisciplina são na atualidade assuntos que aparecem com forte
incidência no cotidiano escolar. Algumas condutas apresentadas pelas
crianças, neste contexto, são vistas como indicativos de tal transtorno e
isso vem contribuindo para que crianças ainda muito pequenas sejam
encaminhadas pelos educadores aos profissionais da saúde, por
apresentarem na escola comportamentos considerados indisciplinados,
agitados e impulsivos. A presente pesquisa tem como principal objetivo,
discutir a relação entre indisciplina e o diagnóstico de TDAH, a partir
da queixa do professor da educação infantil. Pretende ainda, analisar a
postura dos educadores diante do processo de patologização no campo
educacional, levando em conta a sociedade eugênica e disciplinar, que
foi consolidada com o processo de higienização ocorrido no início do
século XX, como também, construir uma reflexão crítica acerca das
práticas sociais e educativas que ora se configuram, mediante a análise
da educação contemporânea e do resgate histórico da escolarização no
Brasil. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso qualitativo e
as estratégias metodológicas empregadas para a coleta de dados incluíram
a observação participante, entrevistas semiestruturadas, diário de
campo e análise de documentos. Os resultados foram organizados em oito
eixos temáticos e indicaram principalmente que os educadores apresentam
dificuldades para estabelecer diferenças entre indisciplina e o TDAH e o
que é normal e patológico, o que tem causado o aumento expressivo no
número de encaminhamentos de crianças aos profissionais de saúde e a
consequente patologização e medicalização da infância.
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