Novela de Júlio Dantas, publicada em
1901, que conta a história de Maria Severa Onofriana, a prostituta de
raízes ciganas a quem a história dá a autoria de ter sido a primeira
fadista e de ter “criado” o Fado, tal como ele se conhece hoje. Severa não inventou o Fado propriamente
dito; muito menos foi a primeira a cantá-lo; mas antes dela “o Fado”
nada mais era do que uns cantares desafinados de rufiões, maltrapilhos,
ciganos, marinheiros e bêbados de toda a ordem que enchiam as tabernas e
tascas das vielas antigas do Bairro Alto, da Mouraria e de Alfama, em
Lisboa. Se não fosse por Severa, o Fado provavelmente nunca teria
passado disso. Foi ela que, um dia, por acaso, pegou numa guitarra e
começou a tocar e a cantar o Fado à sua maneira, dando-lhe a forma e o
ritmo que hoje ele tem. Foi ela que lhe deu popularidade, sendo a autora
e compositora de muitos dos fados que cantava, e foi ela que definiu a
imagem de “cantadeira” de Fado com o xaile à cintura ou nos ombros
(embora ela preferisse usar xailes de várias cores, não pretos).
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