A autora analisa as interpretações construídas por parte da
imprensa brasileira sobre os Estados Unidos e a Argentina nos últimos
anos de vigência do regime monárquico, focando particularmente os
jornais "A Província de São Paulo", que representava a elite política,
econômica e cultural associada à campanha republicana, e o "Jornal do
Commercio", periódico monárquico-conservador, sediado no Rio de Janeiro,
a capital imperial, que gozava de grande prestígio. A autora optou por analisar esses países porque, no conjunto de
países americanos, ambos tiveram especial destaque nos periódicos
analisados. Ela observa que a cobertura dos Estados Unidos se justificava por
ser aquele país um parceiro comercial importante do Brasil, que
representava consistente mercado consumidor para seu principal produto, o
café, e, ainda, em consequência da admiração que vários setores da
sociedade brasileira expressavam por seu crescimento acelerado. A
Argentina era acompanhada de perto porque interessava enormemente ao
Brasil entender os fatos que se desencadeavam no território vizinho, em
especial no âmbito político e militar. A imprensa do período, porém,
também enfatizou o crescimento econômico argentino. A imprensa refletiu as posições de grupos políticos distintos a
respeito dos Estados Unidos e da Argentina, muitas vezes antagônicas. E
acabaria por divulgar o debate de suas propostas sobre o lugar que o
Brasil deveria ocupar na América e sobre a forma ideal de governo para o
país.

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