A autora defende a hipótese de que o conceito de ponto de vista
em Semiótica diluiu-se no corpo da teoria, porém ressurgiu sob outra
roupagem a partir das reflexões sobre a tensividade. Utilizando como objeto de análise a novela A hora da estrela, de
Clarice Lispector, ela procura estabelecer as origens desse conceito e
seguir seus traços de permanência, verificando ainda como a noção de
ponto de vista substituída pela noção de campo de presença opera em uma
narrativa concreta. A escolha de A hora da estrela de modo algum foi aleatória. Para a
autora, a novela fornece informações relevantes para o enfoque da
pesquisa, por apresentar, por exemplo, uma construção enunciativa
complexa, atravessada por diferentes pontos de vista. A fundamentação teórica empregada na análise é aquela preconizada pela
Semiótica francesa em seus desdobramentos mais atuais, desenvolvidos
principalmente por Claude Zilberberg e Jacques Fontanille. Muito devido
ao trabalho deles, se em um primeiro momento a Semiótica focou-se nos
conteúdos inteligíveis do discurso, atualmente aborda os seus conteúdos
sensíveis, abrindo novas perspectivas para a disciplina.

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