Raimundo Irineu Serra, mais conhecido como Mestre Irineu, foi um
maranhense neto de escravos que no início do século XX migrou para a
região do Acre, onde se estabeleceu desempenhando vários ofícios
relacionados à extração da borracha e posteriormente, a partir de 1920,
agora residente na região de Rio Branco, se inscreveu na Força Policial.
A partir de então passou também a desenvolver atividades de cunho
espiritualista e de medicina popular tendo como principal ferramenta a
bebida ayahuasca, de fortes características psicoativas. Em 1930 funda
um centro, datando-se dessa época a criação do culto do Santo Daime ou
Daime. A comunidade rural que estabeleceu acolheu inúmeros imigrantes e
seringueiros expulsos da floresta devido ao colapso da economia da
borracha. Mestre Irineu e sua doutrina foram sujeitos a inúmeras
perseguições e preconceitos suscitados pela predominância de
afro-descendentes entre seus seguidores e pelos temores que as elites de
então sentiam em relação à movimentos culturais e religiosos de origem
afro-indígena como aquele que liderava. Como estratégia de defesa para
si e sua comunidade Mestre Irineu desenvolveu fortes laços com alguns
políticos influentes de sua época, incluindo governadores e autoridades
do exército. Hoje se considera de grande importância a sua participação
na colonização do então Território que mais tarde viria a ser Estado e o
movimento religioso que fundou assume características emblemáticas da
identidade acreana reminiscentes, análoga daquelas desempenhadas por
exemplo pelo candomblé na Bahia. O texto do livro aqui apresentado traz
uma nova abordagem e releitura dos dados já conhecidos sobre a história
do Mestre Irineu e do Daime, além de trazer uma preciosa coleção de
fotos, documentos e outros depoimentos dos primeiros participantes desse
movimento religioso, muitos deles com idades avançadas ou falecidos. O
trabalho também enfatiza a influência da cultura afro-brasileira no
desenvolvimento da doutrina pregada pelo Mestre Irineu. Assim, este
livro é um trabalho de resgate da memória dos primórdios desse culto
religioso, enfatizando a importância do Daime na formação da identidade
acreana e destacando a presença da matriz afro-brasileira, até agora
pouco enfatizada nesse processo.
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