As imagens de si refletem a percepção do corpo do artista – revelando o
eu autobiográfico –, ao tempo que o corpo se reconfigura na
transformação constante da imagem do corpo nas relações entre a arte e a
tecnologia, possibilitando uma recriação de si. Em uma articulação
entre a teoria e a prática, esta pesquisa pretende entender como o corpo
do artista, mediado pela sua própria imagem, reconfigura-se na mediação
tecnológica no processo de criação artística. A pesquisa acontece no
processo colaborativo de criação da autora com o artista Cyrille
Brissot, intitulado Em/Entre um ser há/e um outro. Esse processo explora
diferentes meios de expressão no ambiente digital (performance,
pintura, fotografia, vídeo, instalação interativa), investigando a
imagem de si na sua relação com o outro. A reconfiguração da imagem de
si é compreendida a partir da proposição de que a relação corpo-imagem
se estabelece em diferentes camadas na criação: a imagem como
representação, apresentação e mediação digital, que se sobrepõem na
concepção das imagens de si, deslocando os limites entre o corpo e a
imagem e modificando a própria criação. Esse entendimento se realiza no
domínio das ciências da cognição, em correlações que aproximam a
perspectiva da experiência do self na sua corporalidade das teorias da
imagem e da semiótica, inserindo-se no campo de estudos da performance,
da cultura visual, da cultura digital, nas suas ressonâncias na arte
digital, e da crítica de processos, na abordagem do processo de criação.
A compreensão das imagens de si nos processos poéticos que se instauram
na mediação tecnológica traz a possibilidade de um corpo poético que
guarde em si novas formas de pensar o corpo contemporâneo, encontrando,
assim, outras possibilidades de expressão com as novas mídias e
interação com o mundo, em uma imagem de si que se constrói junto com o
outro.
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