Enquadradas arbitrariamente no mesmo termo generalizante drogas,
diversas substâncias psicoativas de diferentes efeitos e tradições foram
proibidas a partir do começo do século XX por conta de interesses
morais, econômicos e políticos justificados por um questionável discurso
defensor da saúde pública. A proibição destas substâncias não incidiu
sobre seus possíveis efeitos danosos e trouxe consigo uma série de
outrosproblemas, como violência do crime e do Estado, corrupção,
criminalização da pobreza,encarceramento em massa,ingerência imperial
sobre territórios desejados e ingerência estatal sobre a vida privada
dos cidadãos. Mesmo assim, com algumas exceções, a questão não ocupou
lugar de destaque nos programas e na atuação das organizações de
esquerda no Brasil, que invariavelmente ignoraram esta questão, quando
não se posicionaram favoravelmente ao proibicionismo. Inspiradas em
ideais de hierarquia, disciplina e sacrifício militante,e considerando o
uso depsicoativosmajoritariamentepela chave explicativa da fuga da
realidade, estas organizações tiveram pouca sensibilidade para propor
outros meios que não o repressivo e o penal para se lidar com problemas
decorrentes do abuso no uso de drogas, e menos vezes ainda para lidar
com formas alternativas de exploração das tecnologias de si, como
definiu Michel Foucault. Além de traçar um panorama das origens da
proibição das drogas e seus efeitos, este trabalho investiga que tipo de
tratamento foi dado pela esquerda à questão das drogas após 1961 ano
tanto da aprovação da Convenção Única sobre Narcóticos, da ONU, quanto
dos primeiros rompimentos com o PCB, processo que representou uma
reconfiguração na esquerda brasileira.
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