Cientistas sociais, de um lado, juristas e agentes da justiça, de outro. Dois lados, dois campos intelectuais, dois mundos distintos. Pode parecer muito taxativo, mas é verdade: no Brasil, um fosso enorme sempre separou esses dois campos. No passado – do Império até os anos cinquenta –, algumas das maiores figuras do mundo jurídico demonstraram densa preocupação sociológica e esforçaram-se para transmiti-la a seus estudantes e leitores. Depois (salvo engano) o fosso aumentou. Seja pela influência do marxismo – com sua característica tendência a descartar como “epifenômeno” tudo o que dissesse respeito ao Direito –, seja pela assimilação de métodos de pesquisa que, à sua maneira, também pareciam revolucionários, o fato é que os cientistas sociais (com as honrosas exceções de praxe) se aferraram à ideia de que o Direito e o sistema da justiça não cabiam em sua terra prometida. Esforços individuais continuaram a aparecer – sempre mais entre juristas que entre cientistas sociais –, e núcleos de pesquisa interdisciplinar começaram a surgir nos últimos anos; mas ainda falta muito para organizarmos uma produção consistente, contínua e efetivamente compartilhada.
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