Publicado em 1977, quando Carlos Drummond de Andrade estava com setenta e cinco anos, Discurso de primavera e algumas sombras
não é, como se poderia esperar, a obra outonal de um escritor na
terceira idade. Ainda vibrando com a vida e observando a passagem do
tempo, Drummond publicou originalmente estes poemas na coluna que
mantinha no Jornal do Brasil. Vai daí, portanto, o caráter quase público de muitos dos textos
recolhidos no volume. Falam de episódios do Brasil e do mundo num tempo
conturbado, de profundas mudanças sociais e - no caso brasileiro - do
desalento com um regime de exceção que parecia fechar todos os espaços
destinados à liberdade, tanto pública quanto individual. A década de 1970, como se sabe, assistiu ao despertar da consciência
ecológica. É o tempo da Conferência de Estocolmo, a primeira grande
discussão mundial (organizada pela ONU) a respeito dos descaminhos da
civilização industrial diante da natureza espoliada e maltratada. O
poeta mineiro foi um dos primeiros autores do primeiro time da nossa
literatura a tratarem do tema. Poemas como “Águas e mágoas do Rio São
Francisco” (que abre o volume), “Num planeta enfermo” e “Antibucólica
1972” mostram a indignação de Drummond com a devastação da natureza, que
já avançava a galope naquele tempo e desfigurava para sempre o meio
ambiente. Uma poesia sempre necessária e atual.
Baixe o arquivo no formato epub aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário