Odorico Paraguaçu, O Bem Amado, talvez seja um dos mais longevos
personagens na cena brasileira. A peça de Dias Gomes Odorico, o Bem
Amado ou Uma Obra do Governo foi encenada pela primeira vez em 1969
pelo Teatro de Amadores de Pernambuco; virou especial de televisão em
1964 no programa TV de Vanguarda exibido pela TV Tupi; tornou-se a
primeira novela exibida a cores em rede nacional, em 1973 na Rede Globo
para virar um tempo depois seriado de sucesso, exibido por cinco anos,
de 1980 a 1984. A luta eterna contra a censura e a preocupação constante
em retratar a realidade brasileira fizeram com que Dias Gomes
desenvolvesse uma linguagem especial, cuja sutileza possibilitasse
tentar driblar a primeira e, ao mesmo tempo, manter-se fiel à segunda.
Como conseguiu esse feito? Recortando no quadro político da sociedade,
que o fez topar com um número considerável de homens públicos
desprezíveis, matrizes da atuação de um personagem, de moral ambígua e
linguajar pernóstico, ao qual emprestaria força cada vez mais
demolidora: Odorico Paraguaçu. Um tanto acanhado no início de sua
carreira no teatro, Odorico acaba chegando ao auge de sua contundência
na televisão. Na figura deste tirano tomou corpo todo escárnio por um
comportamento social que o autor repudiava e que, através do humor,
pretendia mostrar ao público, apesar de ainda assim ter sido alcançado,
por diversas vezes, pela tesoura da censura. O Bem Amado, em sua alusão
irônica, transformou-se aos poucos, pela assiduidade com que freqüentou
os lares dos brasileiros, no retrato do político a quem Dias Gomes
permitiu que o povo castigasse, mesmo que apenas através do riso. Antes
de acompanhar a trajetória de Odorico Paraguaçu, conto episódios da vida
de seu criador, buscando levantar as marcas que a luta contra a
presença insistente da censura, e a favor da liberdade e de uma condição
melhor de vida, deixaram em sua carreira de intelectual, ativo
participante da produção cultural brasileira, em seus diversos meios de
expressão.
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