A obra de Sérgio Sant’Anna é de difícil classificação. Transgressor
contumaz, ele vem desde a década de 1960 testando os limites da prosa,
dos gêneros - e da própria ideia de literatura. Seus romances, contos,
poemas, novelas e peças de teatro romperam tradições e derrubaram
barreiras entre alta e baixa cultura, entre popular e erudito, numa
linguagem descarnada tão reconhecível quanto escorregadia, que
influenciou inúmeras gerações de escritores. Apesar da explícita vocação experimental, Sant’Anna sempre foi também
autor de prosa acolhedora, cujo interesse parece residir não em alienar o
leitor, mas, ao contrário, em incluí-lo nos intricados e deliciosos
jogos literários que concebe. Os contos de O homem-mulher
configuram a expressão máxima dessa ideia. É o caso da história em que o
protagonista se apaixona pela vendedora de lencinhos que junta dinheiro
para o tratamento de câncer do marido. Em meio à alta carga erótica da
trama, o conto também se revela delicado como os produtos da garota. Ou,
então, do magistral e imediatamente antológico “Eles dois”, que narra,
com força cinematográfica, a história de um casal morando num casarão
nos anos 1970. Capaz de surpreender até seus leitores mais antigos, O homem-mulher é também uma perfeita porta de entrada para a obra rica, vasta e memorável de Sérgio Sant’Anna.
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