O Mito, como verdade última, é elemento de orientação do ser. O homem, desde suas origens, não produz os Mitos. As idéias mitológicas ocorrem a ele; ele não as pensa, mas é pensado por elas, poderíamos dizer. Os núcleos componentes de todos os Mitos das diversas culturas, os mitologemas, representam estruturas mentais básicas de todos os homens. Estas moléculas estruturais do psiquismo são expressão do inconsciente coletivo (Jung), sempre inesgotável em suas manifestações, sempre presente. Géia, Deméter, Sêmele, “toda a terra fértil”, expressam o arquétipo da Grande Mãe, a origem de todas as formas simbólicas e do próprio ego. Dioniso-Zagreu, Hermes, e Apoio como crianças, o arquétipo da criança, nossas potencialidades do vir-a-ser, nossa criatividade e também nossas regressões patológicas a um infantilismo inadequado. O ciclo dos heróis, Héracles, Teseu, Perseu e muitos mais, o movimento da energia psíquica do inconsciente para a consciência, o herói é sempre filho de um imortal (arquétipo atemporal no inconsciente) com uma mortal (o ego e suas finitudes). Encontramos, enfim, uma infinidade de entidades e configurações no panteão grego que refletem nossas próprias tendências inconscientes. A Mitologia cumpre assim um papel fundamental para a psicologia: ela a move de sua posição puramente conceitual e, portanto, unilateral — pois a existência humana não pode ser abrangida por conceitos teóricos — e a fertiliza com imagens ricas em possibilidades de desenvolvimentos. Teremos assim uma nova psicologia para uma nova compreensão do homem, na qual o irracional também tem seu lugar. Pois o irracional mítico é parte componente do Todo psíquico do ser humano.
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