O Guardador De Rebanhos marca o surgimento do heterônimo Alberto
Caieiro. A criação de autores é um traço marcante na poesia de Fernando Pessoa,
tanto que ele teve a preocupação de deixar registradas as biografias de seus
heterônimos. Devemos ter em mente que pseudônimo é somente um nome inventado,
já o heterônimo vai além: tem biografia, identidade, é uma persona diferente de
seu criador. Fernando Pessoa define Alberto Caieiro como alguém bastante simples, de
pouca instrução, sem profissão, tendo vivido quase toda a vida no campo. E, de
fato, elementos campestres estão na base do poema. Em um panorama geral, o poema defende a ideia da superioridade do sentir
sobre o pensar. É impregnado de panteísmo, ou seja, a ideia de que a divindade
não está em um deus, mas na união com os elementos da natureza, muito citados
ao longo da obra. As estrofes, que podem ser lidas como poemas avulsos, formam uma sequência e
podem ser entendidas como um dia na vida do guardador de rebanhos. No relato,
não há metafísica nem mistério, somente uma contemplação calma da natureza, em
que o pensar passa pelo sentir. Vemos o mundo pelos olhos do eu lírico, que usa
a observação da natureza para falar sobre a vida. Na última estrofe, o
guardador volta para casa, envolvido pelo silêncio da noite.
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