Responsável por uma das maiores revoluções culturais do
século XX, On the Road, mantém intacta
sua aura de transgressão, lirismo e loucura. Como o
gemido lancinante e dolorido de “Uivo”, de Allen Ginsberg, o brado
irreverente e drogado de “Almoço Nu”, de William Burroughs, ou a lírica
emocionada e emocionante de Lawrence Ferlinghetti, On the Road
escancarou ao mundo o lado sombrio do sonho americano. A partir da trip
de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriarty –, de Paterson, New
Jersey, até a costa oeste dos Estados Unidos, atravessando literalmente o
país inteiro a partir da lendária Rota 66, Jack Kerouac inaugurou uma
nova forma de narrar. Em abril de 1951, entorpecido
por benzedrina e café, inspirado pelo jazz, Kerouac escreveu em três
semanas a primeira versão do que viria a ser On the Road. Uma prosa
espontânea, como ele mesmo chamava: uma técnica parecida com a do fluxo
de consciência. Mas o manuscrito foi rejeitado por diversos editores e o
livro foi publicado somente em 1957, após alterações exigidas pelos
editores. A obra-prima de Kerouac foi escrita
fundindo ação, emoção, sonho, reflexão e ambiente. Nesta nova
literatura, o autor procurou captar a sonoridade das ruas, das planícies
e das estradas americanas para criar um livro que transformaria
milhares de cabeças, influenciando definitivamente todos os movimentos
de vanguarda, do be bop ao rock, o pop, os hippies, o movimento punk e
tudo o mais que sacudiu a arte e o comportamento da juventude na segunda
metade do século XX.
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