Pletórico e envolvente na melhor tradição dos grandes ciclos romanescos, Baú de ossos
reconstitui a genealogia dos antepassados e os primeiros anos da
infância do autor. Amigo de escritores, políticos e intelectuais
eminentes como Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek e Afonso
Arinos de Melo Franco, descendente de famílias ilustres de Minas Gerais
e do Ceará, testemunha privilegiada da história do Brasil no século XX,
médico respeitado no país e no exterior, o juiz-forano Pedro Nava deu
início à redação de suas memórias em 1968, aos 65 anos. Até então um
“poeta bissexto” - na célebre designação de Manuel Bandeira -, quase
desconhecido fora dos restritos círculos modernistas, Nava assombrou o
país em 1972 com a publicação da primeira parte da saga, Baú de ossos.
O livro, ao qual se seguiriam outros cinco extensos títulos e um volume
póstumo, impressionou público e crítica pela maestria de sua escrita,
que em muitos momentos se aproxima da melhor ficção, e pela precisão da
reconstituição dos detalhes do passado mais remoto. Muito além de uma mera crônica autobiográfica, Nava realiza um vasto
panorama da sociedade e da cultura brasileiras no século XIX e no início
do século XX. Baú de ossos se inicia com a descrição dos
antecedentes genealógicos da família do autor, divididos entre Minas, o
Nordeste e os burgos e castelos europeus onde viveram seus antepassados
aristocráticos. Em seguida, sempre entremeando fatos históricos,
observações pitorescas e anedotas familiares com suas primeiras
lembranças, o autor narra acontecimentos vividos até seus oito anos de
idade, marcados pela traumática morte de seu pai.
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