As Cobras são o produto da combinação do meu gosto por quadrinhos com
minhas limitações como desenhista. Cobra é muito fácil de fazer, só tem
pescoço. Elas começaram no Zero Hora, de Porto Alegre. Era o tempo da
censura, e muitas vezes se podia dizer com desenhos o que não dava para
se dizer com textos. As Cobras dão palpite sobre tudo, mas prefiro as
cobras filosóficas, comentando a insignificância dos répteis – incluindo
os répteis humanos – diante do Universo”. O escritor Luis Fernando
Verissimo pode ficar muitas horas por dia debruçado na sua prancheta, em
sua casa em Porto Alegre – assim nasceram as Cobras, nos anos 70, para
delírio nosso. Modéstia dele, você já deve ter percebido: com uma
impressionante economia de traços, Verissimo conseguiu criar a dupla
mais inteligente, divertida e metafísica dos quadrinhos brasileiros. As
Cobras surpreendem, cativam, têm medo, mas depois resolvem ser fortes e
desafiam Deus, o técnico de futebol, os políticos da capital… e se
sentem uma titica, ou melhor, duas titicas… Alguém já se sentiu assim?
Pois então, o escritor e desenhista traduz, como ninguém, nossa coragem,
e também nossa covardia, nessas tiras hilárias e impiedosas.
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