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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

William Da Silva Lima - Quatrocentos Contra Um














Tem-se comparado o Brasil de hoje à Colômbia. No entanto, lá as duas partes em conflito negociam. Aqui, não se aventa a possibilidade de ouvir a versão do outro lado em busca de um pacto. Mais uma vez, a literatura presta um serviço, apontando os erros a serem corrigidos. William da Silva Lima foi preso pela primeira vez em 1959, aos 17 anos, conduzido ao Recolhimento Provisório de Menores por suspeita de furto. Em 1961, foi condenado por roubo no Rio e cumpriu pena em Bangu e no Lemos de Brito. Considerado um dos fundadores do Comando Vermelho, ele reedita "Quatrocentos contra Um", alardeando um retrato desanimador: de 1960 para cá, nada mudou nos presídios brasileiros. 1 - Na chegada, é praxe os presos serem obrigados a passar por um corredor polonês, em que são espancados pelos homens da lei. 2 - Quando os presos se organizam e criam uma liderança política nos presídios, ela é reprimida e seus membros, transferidos. 3 - Muitos presos com penas vencidas apodrecem nas cadeias. 4 - Não há nos presídios postos do Ministério Público para acompanhar os processos. 5 - Carcereiros facilitam fugas também para derrubar diretorias e autoridades "liberais". Apesar de fugas e solturas, Lima, 59, casado, quatro filhos, sem profissão definida, continua preso (em Bangu 3, presídio de segurança máxima). Ele já "viveu" em 19 presídios, inclusive no da Ilha Grande, onde se plantou a semente da organização criminal.

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