A filosofia racional ou ciência
universal não procede aristocraticamente, nem autoritariamente como a falecida
metafísica. Esta se organiza sempre de cima para baixo, por via de dedução e de
síntese, pretendendo também reconhecer a autonomia e a liberdade das ciências
particulares, mas na realidade incomodava-as horrivelmente, até o ponto de lhes
impor leis e até mesmo fatos que, frequentemente, era impossível encontrar na
natureza, e de impedi-las de se entregar a experiências cujos resultados teriam podido reduzir todas as suas especulações ao nada. A metafísica, como se vê,
opera segundo o método dos Estados centralizados. A filosofia racional, ao
contrário, é uma ciência democrática. Organiza-se de baixo para cima
livremente, e tem por fundamento único a experiência. Nada do que não foi
realmente analisado e confirmado pela experiência ou pela mais severa crítica
pode ser por ela aceito. Consequentemente, Deus, o Infinito, o Absoluto, todos
estes objetos tão amados pela metafísica, estão absolutamente eliminados de seu
seio.
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