É vasta a bibliografia sobre a abolição. Já foram discutidas suas causas
econômicas, as resistências judiciais e cotidianas de que foi alvo, as
revoltas e as fugas de escravos. Ainda não foi plenamente reconhecida,
contudo, a relevância do movimento abolicionista. Joaquim Nabuco, um de seus líderes, atribuiu a libertação dos escravos à
magnanimidade da casa imperial. No centenário da Lei Áurea, em 1988,
estudiosos e ativistas do movimento negro contestaram essa versão e
ressaltaram a resistência dos cativos, operando apenas uma inversão de
sinal: em vez da liderança da dinastia, o protagonismo dos escravos; em
vez da princesa Isabel, Zumbi. Esse deslocamento deixou à sombra um fenômeno que não foi nem obra de
escravos, nem graça da princesa: o movimento pela abolição da
escravidão. Este livro conta sua história. Reconstrói a trajetória da
rede de ativistas, associações e manifestações públicas antiescravistas
que, a exemplo de outros países, conformou um movimento social nacional -
o primeiro no Brasil do gênero. O movimento elegeu retóricas, estratégias e arenas, operando
sucessivamente com flores (no espaço público), votos (na esfera
político-institucional) e balas (na clandestinidade), num jogo que se
estendeu por duas décadas, de 1868 a 1888. Tudo isso é narrado por meio da trajetória de ativistas nacionais
decisivos para o desfecho da empreitada: André Rebouças, Abílio Borges,
Luís Gama, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco - três deles negros. A abolição não se faria por si, pelo desenvolvimento da economia ou por
decisão solitária do sistema político, como não se fez por canetada da
princesa. É a relevância do movimento abolicionista para o fim da
escravidão que este livro mostra de forma brilhante.
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