Todos os temas deste livro relacionam-se,
de certa forma, aos questionamentos sobre a “não existência” da Idade
Média. É isso mesmo. A partir da discussão sobre a necessidade de uma
nova cronologia para nossa história, e a partir de reflexões
principalmente sobre os períodos patrístico (notadamente Agostinho) e
escolástico, foram apresentados aos alunos diversos assuntos que, não
obstante relacionados ao nosso dia-a-dia (trivial ou não), têm algo a
ver com esses períodos. A estereotipia Idade Média igual a “astenia
cultural”, “domínio irrestrito da Igreja”, ou “fanatismo religioso” vem
retrocedendo. A Idade Média concebida como Idade das Trevas – um desses
desvios históricos cuja anomalia o distanciamento torna cada vez mais
patente – lentamente perde força. À lenda negra dos renascentistas e
iluministas contrapõe-se a lenda rosa dos românticos: a Idade Média
representaria não a derrocada (barbárie), mas o auge da civilização
ocidental, em que se teriam realçados os valores espirituais. Todavia,
nem negra, nem rosa, podemos ir mais além: não teria existido período
mediano algum, de 1000 anos (a Idade Média), ou um hiato entre a
civilização da Roma antiga e a nova Europa civilizada. Não se trata
apenas de uma questão terminológica (a expressão “Idade Média” já seria
em si mesma preconceituosa e arbitrária) e, portanto, de criticar uma
cronologia hoje obsoleta, que divide a História Ocidental, a partir de
uma visão eurocêntrica, em três períodos presos a uma camisa-de-força
conceitual.
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