Este estudo discute, questiona e aponta as contradições das chamadas
instituições totais, ambientes em que as manifestações psicossociais
específicas dos internos, segundo o autor, costumam ser desconhecidas ou
ignoradas por profissionais do Judiciário, Serviço Social, Medicina,
Psicologia e Pedagogia. Para ele, é ingênuo supor que se pode confinar,
tanto jovens quanto adultos, por meio de decisões judiciais, e criar nos
estabelecimentos, ao mesmo tempo, rotinas integradoras e ambientes
saudáveis, potencialmente pedagógicos.
A Psicologia, a Pedagogia e a Assistência Social são reconhecidas aqui
como saberes científicos incontestes que, no entanto, estariam sendo
utilizadas como estratégias de controle disciplinar nos estabelecimentos
educativos, socioeducativos e ressocializadores, em especial entre os
que limitam a liberdade individual.
À medida que os profissionais têm como atribuição, em tais contextos,
oferecer acompanhamento personalizado e sistemático, levando-os reclusos
a refletirem sobre as infrações cometidas e suas consequências, acabam
por desempenhar, afirma o autor, citando Foucault, “o papel de técnicos
do comportamento, engenheiros da conduta, ortopedistas da
individualidade”.
Tal papel, pontua, é desempenhado em meio a impasses, entre discursos
altruístas e a realidade das instituições produto das sociedades
disciplinares. Assim, questões pedagógicas, psicológicas, psiquiátricas,
hospitalares se tornariam mais inteligíveis se fossem enquadradas em um
marco institucional global: “Entendemos que os problemas institucionais
são também problemas sociais. Soluções técnicas muitas vezes não são
suficientes para resolvê-los. Eles exigem soluções políticas para sua
metabolização”.
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