Os debates sobre a transição são, sem dúvida, algumas das mais belas
páginas da moderna historiografia do Ocidente. Com a força de sua
originalidade e abrangência, influenciaram, ao longo de décadas,
diversas gerações de historiadores e membros das demais ciências
sociais. Nesse percurso, contribuíram para colocar a pesquisa histórica
em um novo patamar de excelência e rigor, ao apontar para a necessidade
de explorar fontes inéditas e desafiadoras como recurso fundamental do
trabalho historiográfico. Seu ponto de partida foi a obra de Karl
Marx, sobretudo os capítulos históricos apresentados nos vários volumes
de O capital, cuja potencialidade como hipóteses de trabalho não tinha
sido ainda explorada com toda a intensidade por aqueles que se
interessavam pela origem do capitalismo como questão histórica.
Principalmente no capítulo sobre a acumulação primitiva do capital, Marx
delineou os aspectos elementares do processo histórico que originou
aquilo que de fato, segundo sua visão, caracteriza o capitalismo — as
suas relações sociais. Ao elaborar com clareza as instâncias
fundamentais do modo de produção capitalista, Marx realçou a natureza
das relações sociais no capitalismo, marcadas, de modo decisivo, pelo
encontro entre dois tipos distintos de possuidores de mercadorias: de um
lado, os proprietários dos meios de produção, de outro, os vendedores
da própria força de trabalho. A origem histórica do capitalismo, assim,
como sugerido por Marx, trata do processo que resultou nessa polarização
social fundamental. Compreender o nascimento do capitalismo, portanto,
significa compreender os mecanismos por meio dos quais forjaram-se as
relações sociais capitalistas.
Baixe o arquivo no formato PDF aqui.

Nenhum comentário:
Postar um comentário