Os dilemas de Eva podem parecer com os de qualquer garota da elite
brasileira. Ela se submete aos mesmos sacrifícios e pressões sociais. Se
preocupa com o cabelo, constantemente armado, a ponto de só entrar na
água até a cintura. Seus amigos são inteligentes e bem-sucedidos, uma
profusão de cineastas, empresários, galeristas e gente da moda. Para
quem vê de fora, sua vida se dá entre o restaurante estrelado e festas
com DJ francês regadas a MD. No entanto, tudo que é óbvio e pedestre sobre Eva será habilmente
desconstruído pela autora Maria Clara Drummond. Como o ator consciente
da farsa encenada no palco, a protagonista colocará em evidência o papel
de cada uma das engrenagens sociais: desde o pai da amiga, que figura
nas capas de revista num escândalo de empreiteiras, até os amigos que se
conhecem porque as mães têm um blog de moda. Assim, o que seria uma história de amor comum - uma garota dividida
entre dois pretendentes - torna-se o mote de uma trama ágil e
imprevisível, menos interessada em desmanches sentimentais do que em
explorar literariamente os abismos do ego, da vaidade e da solidão. A
energia impressa nestas páginas vem de uma ânsia em compreender e dar
sentido a algo que é tão fugidio e voraz quanto o lugar ocupado por
estes personagens: a vida como uma sucessão de instantâneos, a tentativa
de aprisionar cada momento em algo único e original. Um olhar menos compassivo poderia encontrar apenas superficialidade, mas
o que se revela aqui é um retrato íntimo e sincero de uma geração.
Narrado em ritmo cinematográfico e sem concessões a clichês de histórias
de amor, A realidade devia ser proibida guarda um vislumbre de uma
época tão difícil de definir.
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