Em Pelos olhos do menino de engenho, a socióloga Carla de Fátima
Cordeiro busca identificar um pensamento social relativo à questão
racial no Brasil na década de 1930, a partir da análise dos personagens
negros presentes na obra de José Lins do Rego. Descendente de senhor
de engenho, o escritor paraibano, ao lado de Gilberto Freyre, foi um
dos mais destacados participantes do Movimento Regionalista Nordestino,
que defendia os "verdadeiros" valores brasileiros, baseados na ordem
social anterior: latifundiária, escravista e açucareira. Lins do Rego
criou seus principais romances, considerados fortemente autobiográficos,
entre 1934 e 1942, época em que as velhas estruturas econômicas e de
relações sociais dos engenhos de cana-de-açúcar se encontravam em franco
declínio. A autora traz à luz um processo fundamental da História do
país, concluindo que o processo de decadência dos velhos modos de
produção refletiu-se na narrativa dos romances, em que a violência,
principalmente contra os subalternos negros, tornou-se cada vez mais
presente. Dessa forma, ela demonstra como a ficção literária expressou o
comportamento do poder patriarcal, que passou a sentir-se ameaçado pela
inevitável introdução do trabalho livre.
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