Neste livro, de grande profundidade e escrito com linguagem
clara e acessível, Leonardo Borges Reis busca apontar as articulações
entre o pensamento político e a teoria linguística de Avram Noam Chomsky
(1928). Por conta principalmente de sua postura de resistência à política
externa de seu país, Chomsky é conhecido internacionalmente como um
importante ativista da nova esquerda norte-americana. Apesar de seu
ativismo ter despontado durante a Guerra do Vietnã, ele inclinou-se às
ideias libertárias ainda muito jovem - começou a refletir sobre as
semelhanças entre o programa fascista e o Ocidente democrático em plena
adolescência, ao se ater à posição dos anarquistas durante a Guerra
Civil Espanhola. Mas, nos anos 1960, Chomsky, professor do Massachusetts Institute of
Technology, tornou-se revolucionário também na Linguística, ao
introduzir uma das mais notáveis criações teóricas dessa área de
conhecimento: a gramática gerativa. A teoria que a linguagem humana se
assenta sobre a manifestação de estruturas abstratas universais, que
tornam possível a aprendizagem de sistemas particulares de línguas. A
manifestação da linguagem dependeria, dessa forma, do estímulo do
contexto linguístico e do emprego de estruturas universais, subjacentes
aos humanos. De acordo com Reis, esse quadro mostra que, apesar do enorme
desenvolvimento e alcance das ideias de Chomsky, o conjunto de seu
pensamento permanece imerso em relações aparentemente enigmáticas:
"Referimo-nos aqui às ligações entre sua teoria da linguagem e sua obra
política. Normalmente, as referências encontradas sobre Chomsky oscilam
entre dois territórios de fronteiras supostamente intransponíveis: de um
lado, encontra-se o político, e, do outro, o linguista". No entanto, ainda conforme o autor, mesmo com a divisão entre a obra
de ativismo e de Linguística, é possível identificar breves incursões
de Chomsky no campo de uma teoria social, baseada em um modelo de
natureza humana. Esse movimento terá uma rápida, mas profunda relação
com a análise da linguagem. Em algumas de suas obras, Chomsky vê a possibilidade de construção
de uma análise política inspirada em um conceito de natureza humana, que
está ancorado numa investigação de fatos presentes na linguagem. Para
Reis, observando-se a questão desse ponto, é possível falar em uma
reciprocidade entre política e teoria da linguagem.
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