Um dos objetivos do livro é o de verificar até que ponto as
influências intelectuais recebidas por Zygmunt Bauman no começo de sua
carreira contribuíram para o desenvolvimento de sua teoria sobre a ética
e a moral no mundo contemporâneo, eivada de críticas ao pós-modernismo e
hoje considerada uma das grandes referências sobre o assunto. Sociólogo e filósofo polonês nascido em 1925 que se notabilizou por
seu marxismo de vanguarda (devido ao qual teve de deixar a Universidade
de Varsóvia em 1968 e a sua obra foi proibida naquele país), Bauman é
também conhecido por sua prodigiosa produção intelectual, nas quais se
destacam as análises das ligações entre a modernidade e o holocausto e o
consumismo pós-moderno. Para o autor, foram os círculos neomarxistas de Varsóvia que
forneceram a Bauman as matrizes críticas que, pouco a pouco, o levariam a
desenvolver a ideia de que a perspectiva "pós-moderna" da ética está
introduzindo uma concepção de moralidade bem diversa da ortodoxa, e que
se tornou referenciada por elementos exteriores ao sujeito moral - de
acordo com o livro, uma verdadeira ironia, nesses tempos de proclamação
da autonomia e liberdade do indivíduo, característica também central do
ideal iluminista. Assim, hoje, para Bauman, a referência para a ação moral, em tese
baseada nas concepções do direito natural racional, ao invés de
proclamar e reafirmar a autonomia do indivíduo diante das normas das
instituições, nada mais faria do que reforçar a sua dependência de
parâmetros externos advindos de outras fontes, impossibilitando a
reflexão e a decisão próprias do sujeito moral.
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