Este estudo investiga e avalia o uso de procedimentos somáticos no
ensino do balé clássico, tendo como campo de atuação o Curso de
Licenciatura em Dança da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Trata-se de um estudo de caso da disciplina Técnica de Corpo II –
Introdução à Dança Clássica, ministrada no primeiro semestre de 2014 na
Uesb, tendo como abordagem metodológica a cartografia, com inserções da
pesquisa somático-performativa e da pesquisa (auto) biográfica. A
dissertação foi escrita em formato de cartas e traz as narrativas das
alunas que vivenciaram esta disciplina. Busca-se, com a pesquisa,
registrar o processo de ensino-aprendizagem desta técnica de dança, por
meio da educação somática, elencando como ele se dá e como interfere na
constituição deste futuro profissional de dança. O estudo foi sustentado
por teorias da dança, educação somática e (auto) biografia. Informações
necessárias à análise vieram de diversos instrumentos de coleta:
questionários, diários de bordo das alunas, reflexões e inventário
pessoal. Neste estudo é discutido, inicialmente, como são
tradicionalmente as aulas de balé clássicos, calcadas por uma visão
mecanicista de corpo e dual – de separação corpo-mente. Apresentam-se as
problemáticas desta concepção de corpo e suas origens, além da
perspectiva de outra concepção, não cartesiana. São elencadas, então, as
características de uma nova perspectiva para o corpo, a partir do soma,
e como esta mudança afetou a dança. Discutem-se, desta forma, as
contribuições que a educação somática trouxe à dança e como a mesma pode
ser pensada como proposta pedagógica. Por fim, expõe-se o emprego de
pressupostos somáticos, a partir de Rudolf Laban e Marie-Madeleine
Béziers (Método da Coordenação Motora), em aulas de balé clássico. São
discutidos, a partir disso, os resultados do uso da educação somática no
balé clássico. A pesquisa revela que a educação somática pode facilitar
a aprendizagem do balé clássico, bem como torná-la mais significativa.
Do mesmo modo, conclui-se que os pressupostos somáticos aplicados ao
balé clássico podem ser utilizados em outras técnicas de dança e, além
de favorecer a autonomia do sujeito frente à construção do seu
conhecimento em dança no/pelo corpo, auxiliam na mudança de percepção
corporal e de visão de mundo.
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