A obra mostra que o conceito de escola ainda não
está definido em muitos estabelecimentos da rede pública,
provocando distorções que contribuem para a ineficiência
do ensino e que resultam em desempenhos insatisfatórios e fracassos.
O trabalho traz registros cruciais, como a reconhecida incapacidade da escola
pública - quando vista por dentro - de perceber a relação
entre o que faz e os resultados que consegue obter. Em sua análise, o livro ressalta como as características das
escolas particulares se aproximam das características das chamadas
escolas eficazes, e traz conclusões a respeito de políticas
e medidas que poderiam ser tomadas para melhorar as condições
das escolas públicas. Essas ações passam pela definição
do que é escola, da autonomia do diretor, que passa a ser responsabilizado
por resultados, e de mecanismos que permitam a efetiva participação
dos pais nas decisões que afetam diretamente a vida escolar de seus
filhos. Na comparação, há uma clara diferença entre
o que é considerado normal e o que é considerando desviante
entre essas duas redes: pontualidade e freqüência de alunos e
professores, cumprimento do calendário escolar,cumprimento do programa
de ensino, elevado nível de aprovação dos alunos, papéis
do diretor e conseqüências para um professor que não leciona
ou cujos alunos não aprendem. As escolas da rede privada de ensino, talvez por não possuírem
Secretarias de Educação, são as únicas que efetivamente
dispõem de autonomia. Nas escolas publicas as atividades são
coordenadas por este órgão, que passa demandas desconexas
que não permitem a visualização de seus resultados.
A desorientação da direção é reproduzida
na sala de aula. Poucos são os professores que enxergam a relação
entre o que fazem e o resultado, entre o que afeta ou deixa de afetar o
rendimento dos alunos. Participar em reuniões e capacitação,
por exemplo, é considerado mais importante do que usar bem o tempo
de aula. O fracasso escolar é sempre atribuído ao aluno esua
família - professor e escola raramente ou nunca são considerados
como parte do problema. Os autores mostram que nada impede as escolas públicas de alcançar
a eficácia. Ao expor a existência de duas redes de ensino -
as escolas que funcionam e as que não funcionam de maneira eficaz
- eles deixam claro que essa diferença não pode ser explicada
pela pobreza dos que freqüentam a escola pública: "Ela
existe porque reproduz, com fidelidade, o tratamento desigual reservado
aos brasileiros de diferentes condições sociais", afirmam.
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