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domingo, 25 de janeiro de 2015

João Batista Araujo & Simon Schwartzman - A Escola Vista Por Dentro














A obra mostra que o conceito de escola ainda não está definido em muitos estabelecimentos da rede pública, provocando distorções que contribuem para a ineficiência do ensino e que resultam em desempenhos insatisfatórios e fracassos. O trabalho traz registros cruciais, como a reconhecida incapacidade da escola pública - quando vista por dentro - de perceber a relação entre o que faz e os resultados que consegue obter. Em sua análise, o livro ressalta como as características das escolas particulares se aproximam das características das chamadas escolas eficazes, e traz conclusões a respeito de políticas e medidas que poderiam ser tomadas para melhorar as condições das escolas públicas. Essas ações passam pela definição do que é escola, da autonomia do diretor, que passa a ser responsabilizado por resultados, e de mecanismos que permitam a efetiva participação dos pais nas decisões que afetam diretamente a vida escolar de seus filhos. Na comparação, há uma clara diferença entre o que é considerado normal e o que é considerando desviante entre essas duas redes: pontualidade e freqüência de alunos e professores, cumprimento do calendário escolar,cumprimento do programa de ensino, elevado nível de aprovação dos alunos, papéis do diretor e conseqüências para um professor que não leciona ou cujos alunos não aprendem. As escolas da rede privada de ensino, talvez por não possuírem Secretarias de Educação, são as únicas que efetivamente dispõem de autonomia. Nas escolas publicas as atividades são coordenadas por este órgão, que passa demandas desconexas que não permitem a visualização de seus resultados. A desorientação da direção é reproduzida na sala de aula. Poucos são os professores que enxergam a relação entre o que fazem e o resultado, entre o que afeta ou deixa de afetar o rendimento dos alunos. Participar em reuniões e capacitação, por exemplo, é considerado mais importante do que usar bem o tempo de aula. O fracasso escolar é sempre atribuído ao aluno esua família - professor e escola raramente ou nunca são considerados como parte do problema. Os autores mostram que nada impede as escolas públicas de alcançar a eficácia. Ao expor a existência de duas redes de ensino - as escolas que funcionam e as que não funcionam de maneira eficaz - eles deixam claro que essa diferença não pode ser explicada pela pobreza dos que freqüentam a escola pública: "Ela existe porque reproduz, com fidelidade, o tratamento desigual reservado aos brasileiros de diferentes condições sociais", afirmam.

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