O autor discute o significado da recepção das ideias
estético-literárias de György Lukács nas obras de dois dos pensadores
brasileiros mais expressivos que se valeram das formulações do autor
húngaro nesse campo - Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho, que não
teriam se limitado à mera reprodução local das concepções do intelectual
estrangeiro, mas teriam buscado testar seus limites e até enriquecê-las
a partir de reflexões próprias. O livro retoma o contexto de renovação do marxismo no país, abalado
pela crise do socialismo real em meio a denúncias dos crimes do regime
stalinista, compreendendo o trabalho de Konder e Coutinho como parte
daquele esforço e buscando demarcar as especificidades de cada um sem,
no entanto, deixar de notar a curiosa complementaridade presente nas
atividades teóricas dos dois pensadores. No caso de Leandro Konder, é destacada sua inclinação enciclopédica e
seu desejo de apresentar ao público brasileiro, com riqueza de detalhes,
o então desconhecido teórico marxista, o que não o impediu de realizar
críticas a pontos que julgasse problemáticos. Já Carlos Nelson Coutinho
demonstra um trato diferente em relação à obra lukacsiana, desde seus
primeiros escritos procurando aplicá-la à realidade e aos autores
brasileiros, evitando cacoetes mecanicistas.
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