Laura, nome de música, de livro, de filme, de gente e também de...
galinha. Não uma qualquer, ela é simplesmente a personagem principal de
um livro de Clarice Lispector e, coitada, por causa disso terá toda a
sua vida devassada. Claro, não fosse assim, não faria sentido o título
se referir à 'vida íntima' da protagonista. A autora começa
apresentando-a como 'muito da simples', que vive no quintal de Dona
Luísa. Casada com o galo Luís, Laura tem uma grande qualidade: bota mais
ovos em todo o galinheiro! Mas, em compensação, tem vários 'defeitos'. O
pescoço, por exemplo, é o mais feio do mundo. A galinha é buuuuuuurra,
tão burra que a autora chega a dar graças a Deus que ela não fala para
não despejar obviedades por aí. Nossa personagem tem um grande medo:
virar almoço. Mas, se esse destino for irreversível, que seja comida
pelo craque Pelé. A composição da 'personalidade' da galinha e a
'exposição' de sua vida são formas inteligentes de abordar assuntos
interessantes para as crianças. Por exemplo: Laura morre de medo de
morrer, mas, de alguma forma, ela entende que isso faz parte da vida e
chega ao luxo de escolher uma maneira 'elegante' de virar galinha ao
molho pardo. Embora seja a figura central da história, ela não é uma
heroína. Clarice a apresenta como uma personagem sem méritos especiais.
Pelo contrário, diz que a galinha é sem graça, apressada e absolutamente
comum. Mas tem uma aptidão especial, a de botar ovos. Para a criança,
pode ficar uma lição preciosa: a de que é possível sobressair à custa de
algum talento, qualquer um, e não pela beleza ou riqueza.
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