Em 1864, o escritor francês Maurice Joly publicou clandestinamente o
livro O diálogo no inferno de Maquiavel e Montesquieu, uma sátira ao
imperador Napoleão III. Quase trinta e cinco anos depois, o livro caiu
nas mãos de Mathieu Golovinski, russo exilado na França a serviço da
polícia secreta do tsar Nicolau II. O objetivo dessa polícia era provar a
Nicolau II que havia uma conspiração judaica por detrás das revoltas
que começavam a assolar a Rússia. Percebendo o potencial do livro de
Joly, Golovinski produziu um plágio grosseiro – Protocolos dos sábios do
Sião -, em que um suposto grupo de judeus influentes descrevia seu
plano de dominação mundial, traçado durante um encontro secreto. O complô conta a história da fabricação dessa farsa, e de como ela se
tornou uma das mais duradouras e cruéis peças de literatura anti-semita
já produzidas. Nesta graphic novel, concluída poucos meses antes de sua
morte, Will Eisner investiga também por que nem mesmo as inúmeras provas
que vieram à tona, já na década de 20, de que os Protocolos eram
falsos, conseguiram minar sua credibilidade. As histórias em quadrinhos,
acreditava ele, seriam uma maneira de levar a um público maior a
verdade sobre os protocolos. Um dos grandes mestres do gênero, Eisner
percorre em O complô mais de um século da história da intolerância, sem
deixar de lado aqueles que tentaram combatê-la.

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