Singular em suas origens, Clarice acentuaria seu destino emigrante: no Brasil, além de Maceió e do Recife, viveu no Rio de Janeiro e em Belém do Pará; no exterior, durante 16 anos, transitou entre várias cidades, residindo por períodos mais significativos em Nápoles (1944), Berna, Suíça (1946), Torquay, Inglaterra (1950), Washington, EUA (1952). Portanto, seria difícil fundar uma geografia para a escritora de origem judia se não a ouvíssemos afirmar: “Morei no Recife, morei no nordeste, me criei no nordeste”. Clarice faz essa afirmativa em entrevista a Júlio Lerner, aqui já referida. Justificava assim a tônica de seu romance então inédito, A hora da estrela, que surpreenderia a todos com uma abordagem sociorregionalista à qual nunca se rendera, mesmo no início de sua carreira, quando ainda em voga as propostas literárias da Geração de 30. Os críticos já apontavam, nessa época, indícios de um modo de ser mais direto, mais explícito, na sua produção e Nádia Batella Gotlib sugere que a autora se ficcionalizara em seus últimos trabalhos: deixa de ser apenas a escritora para ser a persona que ela própria criava. A simultaneidade espacial e temporal de seus romances entra em perfeita simbiose com essa perspectiva de sua biógrafa brasileira.
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