O livro compara duas importantes obras de poesia em prosa das
literaturas brasileira e francesa, o Poliedro, de Murilo Mendes e o Le
parti pris des choses, de Francis Ponge, publicadas respectivamente em
1972 e 1942. Para a autora, a aproximação se justifica pelo foco dado
nas duas obras aos objetos mais cotidianos possíveis e, ainda, pelo
posicionamento diferente dos sujeitos líricos muriliano (menos objetivo)
e pongiano (mais objetivo) diante das coisas simples do mundo. O brasileiro e o francês também partilhariam de uma determinada
comunidade de interesses históricos, literários e sociais, ainda que as
obras em questão estejam separadas por um intervalo de publicação de
trinta anos e, neste intervalo, tenham ocorrido acontecimentos
políticos, sociais e artísticos que reverberaram inevitavelmente na
literatura desses poetas. Para a autora, a própria escolha da forma do poema em prosa pelos dois
autores também os uniria, na medida em que este formato contribuiu
enormemente para a construção singular dos objetos, bem como das duas
vozes líricas tão particulares.
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