Publicado
em 1956 pela editora José Olympio, o romance Vila dos Confins,
do escritor, político e educador Mário Palmério
(1916-1996), trouxe uma relevante contribuição para a
literatura regionalista brasileira. A autenticidade no uso do vocabulário
sertanejo, o cuidado na descrição geográfica do
cerrado e o verdadeiro conhecimento da alma e do cotidiano do homem
interiorano se entrelaçaram em um testemunho legítimo
da cultura quase selvagem de povoações esquecidas nos
áridos confins do Brasil. "O sol caía de ponta à
ponta, brutal. Entorpecia e queimava tudo. A areia era polvilho de espelho
socado no pilão. O ar, a gente podia vê-lo mover-se —
lesma amarela, quente e pegajosa, a arrastar-se por sobre as ruas e
telhados."
Paralelo
à exuberância expressionista na descrição
do sertão, o autor relatou minúcias das movimentações
políticas nas corrutelas recém-emancipadas na região
do Triângulo Mineiro, na década de 50. E ele tinha muito
a dizer. Palmério foi deputado federal pelo PTB, eleito e reeleito
por três mandatos consecutivos (1950-1962), quando então
foi nomeado pelo presidente João Goulart para o cargo de embaixador
do Brasil no Paraguai — onde permaneceria até o golpe de
1964. Quando publicou Vila dos Confins, já havia cumprido seis
anos de mandato. Essa vivência serviu de matéria-prima
para muitas anotações originais: o próprio escritor
admitiu que a obra "nasceu relatório, cresceu crônica
e acabou romance".
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