Na teoria freudiana, a civilização surge-nos estabelecida em contradição
com os instintos primários e o princípio de prazer, na permanente
subjugação dos instintos humanos. A livre gratificação das necessidades
do homem seria, pois, incompatível com a sociedade civilizada - dilação e
renúncia na satisfação constituem pré-requisitos do progresso.
Para Marcuse, porém, a própria concepção teórica de Freud parece refutar
a firme negação deste, da possibilidade histórica de uma civilização
não repressiva. Opondo-se às escolas revisionistas neofreudianas, afirma
que a teoria de Freud é 'sociológica' em sua substância, que o
'biologismo' é teoria social em uma dimensão profunda e que, portanto,
nenhuma nova orientação cultural ou sociológica é necessária para
revelar essa substância. Admite, ainda, que as próprias realizações da
civilização dominadora parecem criar as precondições para a abolição da
repressão e transformação da sociedade.
Em um candente prefácio político, Herbert Marcuse destaca o fato de a
moderna sociedade industrial depender cada vez mais da produção e do
consumo do supérfluo, do obsoletismo planejado e dos meios de
destruição. Localiza o 'inferno' nos guetos da sociedade afluente e nas
áreas cruciais dos países em desenvolvimento e interpreta a propagação
da guerra de guerrilhas no apogeu do século tecnológico como um
acontecimento simbólico - a energia do corpo humano revolta-se contra a
repressão intolerável e lança-se contra as máquinas da repressão.
Trata-se, portanto, de uma temática ainda bem atual, que pode ser
aplicada na compreensão do comportamento da sociedade do século XXI.
Baixe o arquivo no formato PDF aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário