Durante o período de 1934 a 1937, estreitaram-se as relações entre
Monteiro Lobato e o suíço Karl Werner Franke, engenheiro do petróleo
que, imigrado em junho de 1920, passa a chamar-se Charles Frankie.
Lobato e Frankie trocaram nesse período de três anos mais de cem
missivas além de alguns documentos técnicos relacionados à exploração
do petróleo brasileiro. Nessas cartas, Lobato, além de se familiarizar
com alguns termos técnicosgeológicos da exploração petrolífera, faz
críticas contundentes ao Código de Minas de 1934 e ao "atraso
brasileiro" e protagoniza a história das primeiras companhias
petrolíferas do Brasil. Em outros momentos da correspondência, entram em
discussão questões acerca da parceria na tradução e prefaciação de A
luta pelo Petróleo, de Essad Bey, Lobato e Franckie discutem literatura e
seus aspectos, como os requisitos para uma boa tradução, ou os
critérios para um livro bem editado e bem distribuído. Os exemplares d'A
luta são tidos, por ambos, como propulsores de uma nova Era para as
pesquisas petrolíferas.
Acabei A Luta do Petróleo. O editor daqui pagará 500
marcos ao editor alemão, de direitos, e nós daremos nosso
trabalho de tradução de graça em troca de 1000 exemplares para
distribuirmos pelo congresso federal e estadual e mais gente do
governo que não tem a menor idéia do que seja o petróleo. Vou
agora fazer o meu prefácio. Você fará o seu - e num apêndice
porei no fim a Lei de Minas, precedida duma introdução
maquiavélica em que se foi a Standart que mandou fazer aquela
lei cheia de embaraços, para que ela pudesse sossegadamente ir
adaptando as terras petrolíferas até o dia em que entenda-se em
explorar petróleo. Aí então cairá a Lei de Minas atual, que se terá
aproveitado a ela, e virá uma nova que a favoreça.
... O livro é que vai abrir os olhos dessa gente,
mostrando a significação do petróleo. Ninguém sabe. Este país é
uma burrada imensa...(...)
Fundação de companhias, críticas a uma legislação falha e a busca de uma
que privilegie os interesses nacionais da exploração do petróleo,
relações cotidianas de perfuração, implicações políticas de um livro: é
disso basicamente que se ocupam tais cartas, representativas dessa
parceria "político-ideológicoliterária". A dissertação em questão estuda
o cruzamento dessa correspondência entre Lobato e Frankie com a ficção O
poço do visconde e a prosa crítica sóciopolítica de O Escândalo do
Petróleo, apontando semelhanças e divergências na abordagem do mesmo
tema por diferentes gêneros.
Baixe o arquivo no formato PDF aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário