Dura radiografia da cultura e dos tempos atuais, pelo olhar
inconformista do mais notório escritor peruano “A arte, a literatura e o
cinema se trivializaram de tal maneira, que o espectador e o leitor
vivem a ilusão de ser cultos e de estar na vanguarda de tudo com o
mínimo esforço intelectual. (…) Se aceitar entrar no jogo da civilização
do espetáculo e se converter em um bufão, o intelectual tem a
possibilidade de que sua mensagem prospere.” – Mario Vargas Llosa A
banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo
sensacionalista e a frivolidade da política são características da
sociedade contemporânea: a ideia temerária de converter em bem supremo a
natural propensão humana para o divertimento. Este é o tema central do
novo ensaio de Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura em 2010.
Em A civilização do espetáculo, o escritor diz que no passado a cultura
era uma espécie de consciência que impedia que virássemos as costas para
a realidade. Hoje, lamenta Llosa, a cultura atua como mero mecanismo de
distração e entretenimento. Para ele, “a ideia ingênua de que, através
da educação, se pode transmitir cultura à totalidade da sociedade, está
destruindo a ‘alta cultura’, pois a única maneira de conseguirmos essa
democratização universal da cultura é empobrecendo-a, tornando-a cada
dia mais superficial”. Para o autor peruano, a figura do intelectual que
estruturou todo o século XX teria desaparecido do debate público. Ainda
que alguns assinem manifestos e participem em polêmicas, sua
repercussão na sociedade é mínima. Conscientes desta situação, observa
Llosa, “muitos optaram pelo silêncio”.
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