A descoberta do mundo é o primeiro trabalho de crônicas de Clarice. Mais
do que ousar em um novo estilo literário, até então incomum em sua
obra, a escritora faz desta publicação um diário de bordo da sua vida:
paixões, histórias, entrevistas, filmes. Enfim, tudo o que participou de
alguma forma de sua existência. São 468 crônicas publicadas aos
sábados no Jornal do Brasil – certos dias agrupam várias delas, pequenas
– entre 1967 e 1973 e, curiosamente, muitas delas poderiam ser
republicadas hoje sem que ninguém percebesse a passagem dos anos.
Algumas reflexões são atuais e atemporais. Personagens e pessoas que
passaram por sua história, como as empregadas Aninha e Jandira, e uma
jornalista, Cristina – ela não cita os sobrenomes –, são retratados em
passagens da memória de Clarice. O livro é dividido em dias, como se
fosse um diário, mas sempre entre realidade e ficção. Esta última, no
entanto, revela com fidelidade as incertezas que cercavam sua enigmática
personalidade.
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