Em abril de 1789, semanas após concluir no Taiti uma curiosa missão com
fins botânicos - coletar mudas de fruta-pão para alimentar os escravos
nas colônias inglesas -, o navio de guerra britânico HMS Bounty foi
palco de uma revolta de parte da tripulação contra o capitão William
Bligh, que acabou deixado à própria sorte em um bote em alto-mar junto
com os marinheiros ainda fiéis a seu comando. Sem provisões e
instrumentos de navegação adequados, o grupo enfrentou 48 dias de duras
provações até alcançar a costa do Timor. O episódio inspirou numerosos
livros e filmes. Neste livro, a história da expedição é narrada do ponto de vista de John
Jacob Turnstile, um garoto de Portsmouth, sul da Inglaterra, que sofre
abusos de toda sorte, inclusive sexuais, no orfanato e pratica pequenos
furtos nas ruas da cidade. Detido pela polícia após roubar um relógio, é
salvo pela própria vítima do roubo quando esta lhe faz uma proposta: em
vez de ficar encarcerado, embarcaria no HMS Bounty para passar
pelo menos dezoito meses como criado particular do respeitado capitão
Bligh. Turnstile aceita a barganha, planejando fugir na primeira
oportunidade. Mas a rígida disciplina da vida no mar e uma relação cada
vez mais leal com o capitão transformarão sua vida para sempre. É pela
voz desse adolescente insolente e sagaz, mas ao mesmo tempo frágil e
ingênuo, que o leitor acompanhará uma viagem repleta de intrigas,
tempestades intransponíveis, cenários exóticos e lições de lealdade,
paixão e sobrevivência. O autor acrescenta novos dados e interpretações a uma história até hoje
misteriosa. Sugere, por exemplo, que a receptividade sexual das nativas
do Taiti pode estar na origem da insatisfação que resultou no motim.
Seduzidos - ou, no caso de Turnstile, iniciados - por elas, os marujos
teriam considerado intolerável a idéia de retornar para casa, o que os
colocou em linha de colisão com o capitão.
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