As duas novelas que formam este volume foram publicadas originalmente
como parte de “Corpo De Baile”, passando a ter vida editorial autônoma,
sob o título de “Manuelzão E Miguilim”. Manuelzão e Miguilim é uma obra composta por duas narrativas: Campo
Geral e Uma Estória de Amor. Ambas são carregadas de lirismo. Em Campo Geral, vemos a habilidade de Rosa para recriar o mundo captado pela perspectiva de uma criança. Se a infância aparece com frequência nos textos rosianos, sempre
ligada à magia de um mundo em que a sensibilidade, a emoção e o poder
das palavras compõem um universo próximo ao dos poetas e dos loucos, é
em Miguilim, nome com que passou a ser conhecida a novela, que essa
temática encontra um de seus momentos mais brilhantes e comoventes. É uma espécie de biografia de infância —que alguns críticos afirmam
ter muito de autobiográfico – centrada em Miguilim, um menino que morava
com sua família no Mutum, um remoto lugarejo do sertão. O aprendizado das coisas do mundo é a travessia que se impõe a Miguilim; crescer implica a perda da ingenuidade e a dor. Miguilim vive no Mutum, região isolada e primitiva, com sua família. O
pai — Bernardo — é um homem rústico, embrutecido e que se destrói; a
mãe — Nhanina — é frágil e insatisfeita; os irmãos – Dito, Tomezinho,
Chica e Drelina —; a avó Izidra; o tio Terez; Rosa e Mãitina, ajudantes
de sua mãe no serviço da casa; os vaqueiros vizinhos; o papagaio,
Pinto-de-Ouro; o gato; os cachorros; os malvados Liovaldo (irmão da
cidade) e Patori são o seu universo, instrumentos de sua travessia pelas
veredas do Mutum e pela vida. Manuelzão – condutor de boiadas – fazedor da festa na Samarra.
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