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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Christina Da Silva Roquette Lopreato - O Espírito Da Revolta: A Greve Geral Anarquista De 1917














Desde o final do século XIX e o início do século XX, o Brasil deu início a uma intensa política de imigração; sendo que no período subseqüente à abolição do regime escravista (1888) esse processo foi consideravelmente acelerado. Os imigrantes, compostos por homens e mulheres vindos de diferentes países do continente europeu, tais como Alemanha, Itália, Espanha e Portugal, chegaram no Brasil, em especial no estado de São Paulo, seduzidos pela idéia de alcançar uma melhor situação de vida e de, como eles mesmos diziam, “Fazer a América”. Inicialmente, larga parcela destes trabalhadores foi empregada no meio rural, substituindo os negros (até então escravos) no trabalho agrícola em lavouras cafeeiras. O tratamento endereçado ao trabalhador recém chegado no país carregava consigo, ainda, um acento fortemente escravista, que parecia não reconhecer a liberdade contratual existente nas relações sociais de conteúdo capitalista. Recebendo salários de subsistência, alocados em péssimas moradias, realizando altas jornadas diárias de trabalho,e, até sofrendo castigos físicos, esses trabalhadores começam a perceber que seu sonho estava se transformando em um pesadelo. Insatisfeitos com essa situação, esses trabalhadores começam a se revoltar e fugir das fazendas. Aqueles que possuíam condições financeiras melhores voltaram para os seus países de origem, aqueles que não, se dirigiram para outros locais dentro do próprio pais, sendo que um número considerável destes se dirigiu para a capital paulista, onde iriam compor um jovem movimento operário, que se formava junto à incipiente indústria brasileira. Juntamente com a corrente imigratória que trouxe os trabalhadores europeus, chegaram também os anarquistas estrangeiros, em sua maioria, procurando refúgio e proteção das perseguições políticas em suas terras natais. Nessa mudança do cenário rural para o cenário urbano, a situação dos trabalhadores não foi alterada de forma substancial; eles continuavam recebendo salários baixos, moravam em cortiços e eram submetidos a uma grande jornada diária de trabalho. Diante da situação existente na sociedade brasileira, o anarquismo se transformou em uma ideologia forte nos meios operários. De acordo com Lopreato, a semente plantada por trabalhadores e militantes estrangeiros germinou. “A planta exótica do anarquismo floresceu em solo paulista e em outras cidades brasileiras, e foi se revelando uma força política ativa, capaz de fazer adeptos e de mobilizar os trabalhadores em movimentos de protesto contra as mazelas da sociedade burguesa”.

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