Toda literatura sempre faz parte do patrimônio cultural de um povo.
Afinal de contas, nenhuma língua é propriedade privada desta ou daquela
corporação. Ainda que os manuais de lingüística consignem o conceito do
idioleto (a linguagem exclusiva de um único indivíduo), não existe, na
prática, nenhuma língua individual. A expressão verbal humana, bem o
sabemos, é fruto da interação social. Ao contrário do que supõe o
pensamento idealista, segundo o qual a categoria fundadora da história é
a linguagem, esta constitui, em última instância, um produto do
laborioso processo de construção da humanidade por meio do intercâmbio
social, engendrado pela necessidade de produção da vida, conforme tão
bem descreveram Friedrich Engels e Karl Marx em A ideologia alemã.
Portanto, as línguas e as literaturas são um produto social,
compartilhado por membros de uma comunidade que costuma servir-se de tal
produção como se ela fosse a sua própria “carteira de identidade”. O
lingüista britânico M. Halliday frisa que, mesmo que um indivíduo domine
e empregue vários idiomas, a sua língua materna, com a qual satisfará
todas as tarefas que exijam o uso de uma linguagem, só pode ser definida
pelo grupo social que ele integra; ou, como diria o poeta, “minha
pátria é minha língua”.
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