O título da obra faz referência ao sofrimento que Severino passa
durante a viagem, relatada através de um poema dramático que fez de
João Cabral de Melo Neto um dos poetas mais prestigiados da Literatura
Brasileira. Em sua viagem Severino se depara com situações de morte, de
desespero, de miséria e fome, causadas principalmente pela seca. O livro
faz também uma crítica ao descaso dos governantes quanto a esta
situação, vivida por tantos outros nordestinos. Encontra situações como a dos dois homens que carregam um defunto
até sua última morada, pois este havia sido assassinado por expandir um
pouco suas terras, e assim vai tendo seus encontros com a vida e com a
morte. Em outro momento houve uma cantoria, e ao aproximar-se percebe
que se tratava da encomendação de um corpo. Pensa algumas vezes em
interromper a viagem e voltar, pensa que poderá não conseguir chegar ao
destino pretendido, ou pensa ainda em interromper a viagem e procurar
algum tipo de trabalho pelo meio do caminho. Ao pensar nesta
possibilidade de trabalho, descobre que os únicos que poderiam lhe dar
algum dinheiro seriam aqueles de pessoas que ajudam na morte, como
médico, farmacêutico, coveiro, rezadeira, etc. Vê-se como um inútil,
já que nada daquilo sabia fazer, e para o que sabia fazer não encontrava
nenhum trabalho. A morte é tratada como algo vulgar, e as profissões que lidavam com a morte como um negócio lucrativo. Cemitérios, coveiros, assassinatos, tudo leva Severino ao desespero
e à expectativa de seu próprio fim, já que ele mesmo não conseguia
encontrar trabalho. Chega a conclusão de que a realidade que encontra
não é diferente da que já conhecia no Sertão. Por fim, revela a intenção
de suicidar-se, pois já não vê diferença entre a morte e a vida. O
nascimento de uma criança, contudo, é o fato responsável pelo renascer
da esperança de Severino. O autor utiliza uma linguagem poética, porém concisa, engajada,
buscando mais o concreto e o visual do que os sentimentos. O
livro é considerado uma reconstrução dos autos medievais,
porém retratando a realidade atual das populações nordestinas.
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