A premissa de que Mészáros aí parte é a da relação dialética
existente entre produção e consumo no sistema do capital. Haveria,
segundo o filósofo, uma determinação recíproca, envolvendo inúmeras
mediações, atuando em ambos os polos dessa relação, sendo que o momento predominante caberia ao da produção (ou melhor, da reprodução) do capital. Nesse contexto, é possível perceber que a assim chamada crise estrutural tem a ver com aquilo que Meszáros chama de produção destrutiva – ou como J. Chasin (prefaciador do ensaio) diz: a produção da destruição -,
que responde por uma conformação específica do movimento dialético que
percorre produção e consumo. A produção destrutiva seria um meio
desenvolvido pelo próprio capital para lidar com as contradições
inerentes ao processo de superprodução (ou superprodução crônica, como o pensador húngaro a nomeia em algum ponto de seu texto). Para delinear tais ideias, Mészáros lança mão de uma categoria que
precisa ser entendida no contexto da sua argumentação, articulada com
suas premissas e com as demais formulações aí desenvolvidos: a taxa de uso decrescente,
que diz respeito, entre outras coisas, à quantidade proporcional de
tempo alocado na produção de bens relativamente duráveis e de bens de
consumo rápido. A taxa de uso decrescente, ou melhor, a forma como o capital manipula a taxa de uso decrescente –
e ressaltemos que Mészáros compreende essa taxa como um fruto do
próprio desenvolvimento da força produtiva do trabalho -, é fundamental
para a definição do conceito de crise estrutural.
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