Depois
do desmoronamento das utopias, sobre qual base intelectual e moral
queremos construir nossa vida comum? indaga Tzvetan Todorov na
introdução de O espírito das Luzes. Na busca de uma resposta a tal
pergunta o pensador se depara com a vertente humanista das Luzes, que
teve por conseqüência o que se conquistou, principalmente na filosofia,
como Iluminismo. As Luzes, que tem como origem de seu próprio nome a
constatação do fenômeno corriqueiro no qual se ilumina aquilo que se
encontrava em trevas, propunham uma postura diante do mundo e de tudo
aquilo que envolve a vida humana. Postura da qual todos nós somos
herdeiros. Pois foi neste período e nesta corrente coletiva de
pensamento, pensadores e atitudes que pela primeira vez na história os
seres humanos decidiram tomar nas mãos seu destino e colocar o bem-estar
da humanidade como objetivo principal de seus atos. As Luzes emanaram
de toda a Europa e não apenas de um país, exprimindo-se por meio da
filosofia e da política, das ciências e das artes. Num livro que
dialoga tanto com os que se interessam por filosofia, quanto com
aqueles que se interessam por assuntos contemporâneos, Todorov parece
indicar um caminho de reflexão a partir dos movimentos filosóficos que
os coloca frente a frente com o mundo comum e os acontecimentos
importantes de nossa sociedade. O público ao qual se destina o ensaio
vai do jovem estudante colegial ao acadêmico, pois com uma escrita
despojada de academicismos, o autor nos transporta para um núcleo de
questões humanas cuja abrangência compreende e transcende o contexto
histórico em que surgiu. Seu texto, como a vertente de pensamento que o
inspirou, realiza de forma ao mesmo tempo simples e densa, seus
propósitos, sem perder o rigor analítico que caracteriza os grandes
pensadores. Não estamos diante de um ensaio de história da
filosofia, mas sim de um livro que busca ferramentas em um passado
luminoso para lançar luzes sobre o que há de obscurantismo na vida
moderna. Entender a letra e o espírito das Luzes parece ser um caminho
claro de emancipação para toda a humanidade. Não se trata de um estudo
que considere os textos do passado letra morta, seu espírito ainda vive!
Temos, portanto, segundo o pensador búlgaro, de reacender as luzes
hoje!
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