Existe uma percepção, amplamente difundida, de que o comércio exterior é uma ameaça ao desenvolvimento e, quiçá, até mesmo à soberania nacional. Acredita-se, por exemplo, que se o Brasil tivesse adotado, no século XIX, políticas comerciais protecionistas, como os europeus continentais e os norte-americanos, nossa história econômica teria sido fundamentalmente diferente. O Brasil teria perdido, assim, o bonde da História por ter escutado o canto de sereia liberal difundido pela Inglaterra e adotado pela aristocracia rural e pela burguesia comercial das grandes cidades. Esse mito baseia-se em duas premissas falsas. A primeira é de que o protecionismo, por si só, pode gerar pujança industrial. A tese simplista defende que, se o mercado for protegido, a indústria pode adquirir economias de escala que reduzirão o custo médio e a tornarão competitiva, independentemente de quaisquer outros fatores. A segunda é fática: a abertura indiscriminada da economia brasileira durou pouco: foi extorquida pela Inglaterra em 1808, renovada em 1825, mas revertida a partir da Tarifa Alves Branco, em 1844. A partir de então, a dependência do imposto de importação para as contas do Governo assegurou um grau razoável de proteção.
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