Fazer história da filosofia é uma
atividade frequentemente entendida como menor. Quando muito, é encarada
como uma propedêutica à filosofia. Poderíamos interpretar desse modo a
necessidade que grandes filósofos têm de repassar as posições clássicas
em relação aos problemas antes de apresentarem a sua posição particular.
É também assim que se afirma que não existe filosofia no Brasil, pois,
segundo essa perspectiva, somos incapazes de fazer filosofia justamente
porque ainda não ultrapassamos a posição de "comentadores", como se não
tivéssemos posições próprias frente aos problemas filosóficos. O mais recente livro de Roberto Machado, Deleuze, a Arte e a Filosofia,
mostra o equívoco dessa tese por dois motivos. Ao assumir o compromisso
de não "desconhecer [a] lógica profunda ou [o] caráter sistemático" da obra de Gilles Deleuze, Machado é constrangido a desviar o foco do
filósofo francês para reencontrá-lo sempre em outro lugar que não nele
mesmo. Porque Deleuze fez de sua obra um "teatro filosófico" (a
expressão é de Michel Foucault) onde é realmente difícil fixar a
identidade de quem fala. As leituras deleuzianas da história da
filosofia são repetições que sempre produzem uma novidade radical até
então insuspeita, assim são verdadeiras criações.
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