O estudo apresentado neste livro trata da relação entre Lógica e
Psicologia e parte da questão apresentada na obra Ensaio de Lógica
Operatória de Jean Piaget (1896-1980): "[...] como se constituem as
estruturas elementares de classes, de relações, de números, de
proposições, etc., formalizadas com toda independência e autonomia pelo
lógico e [...] quais são suas relações com as 'operações' do pensamento
'natural', muito mais pobre e não formalizado.". Os autores Rafael dos Reis Ferreira e Ricardo Pereira Tassinari
observam que nessa questão, Piaget pressupõe que as operações
lógico-formais estão vinculadas a um sujeito. O que interessa ao
pensador francês é a compreensão de como se formam as estruturas
necessárias ao conhecimento lógico-matemático e como isso é possível a
partir do desenvolvimento psicológico. Eles mostram que, apesar de recorrer à Psicologia, trata-se no
contexto dessa investigação de Piaget, fundamentalmente, de um interesse
filosófico, relacionado à Teoria do Conhecimento e à Epistemologia,
particularmente ao que o francês chama de Epistemologia Genética, e não
propriamente uma investigação de pura Psicologia. A questão da relação entre Lógica e Psicologia estudada nesse livro é
basicamente de como o sujeito epistêmico usa e se torna capaz de usar
funções proposicionais para estruturar a realidade e produzir
conhecimento sobre ela. A obra inicia-se com a contextualização do pensamento de Piaget no
âmbito das discussões filosóficas e os pressupostos gerais da
Epistemologia Genética e suas relações com a Psicologia Genética. O
segundo capítulo é dedicado a algumas das discussões de princípios
realizadas por Piaget no Ensaio, acerca do objeto e da definição da
Lógica Operatória. No capítulo seguinte, os autores procuram responder à
questão central do estudo, focando a análise sobre o conceito de função
proposicional para Piaget e a relação desta com o seu correspondente
psicológico, o esquema conceitual.
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