O evento que moveu e em torno do qual gira a presente tese foi a
localização de
expressivo acervo documental, escrito por africanos e afro-descendentes
na Bahia do século
XIX e preservado em uma irmandade negra denominada Sociedade Protetora
dos Desvalidos,
fundada em 1832. Desse acervo, escolheram-se 290 textos, principalmente
atas, que foram
transcritos nos moldes de uma edição semidiplomática, para que tenham
serventia a estudos lingüísticos em variados níveis.
Mas esse achado – documentos escritos por negros – levou a outros
desdobramentos.
Nesse sentido, esta tese procurou investigar, com base, principalmente,
em bibliografia da História do Brasil colonial e pós-colonial, o lugar
social de africanos e seus descendentes na Bahia oitocentista, a
situação da alfabetização na Bahia do século XIX e a relação entre
alfabetização e africanos e seus descendentes também no século referido.
Nesse percurso,
reuniram-se documentos saídos das mãos de escravos ou feitos por outros,
mas como
expressão da sua vontade, e, sobre eles, se fez um estudo.
O outro desdobramento diz respeito ao local onde foram preservados os
documentos
editados, escritos por negros forros e livres, e que compõem o corpus
deste trabalho, a
Sociedade Protetora dos Desvalidos. Através de diversas fontes, dão-se o
histórico e a
estrutura da referida irmandade, bem como, quanto a seus integrantes, se
averigüaram a
origem, o estatuto civil, a cor e a alfabetização, ou seja, variáveis
que têm implicações diretas
sobre o corpus. Esta tese conta ainda sobre o como o corpus foi
constituído, destacando-se o procedimento na seleção dos documentos,
quando foram escritos e, principalmente, por quem foram escritos. Nesse
último particular, desenha-se o perfil social dos autores
identificados.
Um estudo lingüístico sobre quatro grupos de fenômenos: este foi o
último
desdobramento desta tese. Analisaram-se, por terem pouca ou nenhuma
atenção em
perspectiva histórica nos estudos sobre o português brasileiro, os
seguintes aspectos:
segmentação gráfica, um traço da aquisição da escrita – grafias para
sílabas complexas,
fenômenos gráficos e marcas da oralidade na escrita no plano da
fonética/fonologia.
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