Mestre da “narrativa de ideias”, Aldous Huxley retratou, com o rigor
ferino do humor britânico, a comicidade involuntária da tragédia de seus
personagens, atordoados na agitação desesperada dos “loucos anos 1920”.
Nesse período, Huxley publicou cinco livros de contos e novelas, seus
primeiros quatro romances, além de vários volumes de ensaios, críticas e
relatos de viagem. Três décadas e outra guerra depois, tendo trocada a
velha Inglaterra pelos Estados Unidos e abandonado a narrativa curta
para se dedicar aos experimentos filosóficos e aos romances, foi
convencido a reunir seus melhores contos em um único volume. O resultado
da escolha gerou o livro que o leitor tem em mãos, publicado pela
primeira vez em 1857. Os vinte e um contos valem por si, mas também reconhecemos neles a
semente daquilo que, nos romances posteriores, iria caracterizar o
típico narrador huxleyano: a crítica à afetação intelectual da elite
inglesa e a exposição do tédio e do vazio de uma vida desprovida de
sentido prático em tempos difíceis. A grandeza de Huxley, nesses breves
contos, está na denúncia ao mesmo tempo trágica e irônica da pequenez do
esnobismo elitista e vulgar de seus contemporâneos, e na firme
convicção de que a cultura deve sempre criticar a si mesma, se não
quiser ser reduzida a mera conversa de salão.

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